sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

SOCIO-SIMBÓLICA


O desenvolvimento em Wallon e Vygotsky

Os psicólogos Henri Wallon e Lev Vygotsky, do século 20, defenderam em vida a importância e os mecanismos que determinam a elaboração do conhecimento na formação do indivíduo. Tanto Wallon como Vygotsky, utilizam uma mesma matriz epistemológica, o materialismo histórico e dialético. Nesta cumplicidade de pensamento, Wallon afirma que a emoção é o principal mecanismo de desenvolvimento do sujeito, enquanto que, em Vygotsky, o sistema de signos e símbolos ocupa tal papel.

Vamos observar que estas duas correntes, realmente são muito parecidas e aqui ouso a dizer até que uma é completude da outra.Não quero, não vou e nem tenho condições de elaborar uma tese referente a estes dois importantes tópicos e linhas, mas pretendo expressar aquilo que consegui acoplar á minha própria formação ao estudar ambos.

Vygotsky defende que os individuo se desenvolve à medida que elabora associações dos signos e símbolos que a vida lhe oferece. Para ele, uma criança por si só, se desenvolve mentalmente de acordo com suas possibilidades (desenvolvimento mental), mas quando esta mesma criança recebe o apoio e o incentivo de professores, pais, psicólogos, familiares e colegas, que lhe ofereça instrumentos diferenciados (brinquedos, livros, atividades) bem como a instrução de como realizá-la, ela certamente demonstrará uma "evolução" em seu desenvolvimento (desenvolvimento Proximal).

Neste caso, a função dos psicólogos, pais, colegas, professores e pedagogos que auxiliam, acompanham e incentivam estas crianças na realização de suas "tarefas" é de mediadores, respeitosamente aqui, por mim chamados de facilitadores.

Para Vygotsky a mediação é o que faz com que o desenvolvimento ocorra com mais facilidade. Todo mecanismo de aprendizagem se facilita com os recursos de mediação.

E como seria a tese de Henri Wallon, referente ao desenvolvimento do indivíduo? Certamente se estivermos atentos ao início deste trabalho, vamos perceber que ambos utilizam uma mesma matriz epistemológica que é o materialismo histórico e dialético.

Wallon, assim como Vygotsky, também defende a importância da mediação. Isto mesmo. Defende que o indivíduo só consegue ter um bom desenvolvimento se tiver a possibilidade de se confrontar com um mundo de idéias e conceitos diferentes do seu. Aqui justifico a afirmação acima citada e mostro que o mediador para Wallon é o meio social, ou seja, toda a sociedade que se faz presente durante todo o ciclo de formação do indivíduo.

Wallon dá destaque à importância do relacionamento entre os indivíduos. Este processo, significativamente, é imprescindível para que a criança se desenvolva enquanto "socius" inseparável do eu.

Para o psicólogo é neste conviver que a criança se desenvolve a cada confronto, a cada descoberta de que é ao mesmo tempo parecida e diferente do seu próximo.

Para simular estas mediações Vygotskyana e Walloniana arrisco-me a ilustrar este trabalho com o seguinte exemplo:Um jovem ao entrar para vida religiosa pode vivenciar as duas teorias.

Imaginemos que este seja oriundo de uma família pobre, que mora no interior, numa casa sem banheiro, que não teve possibilidade de conhecer uma metrópole. Imaginemos ainda que sua alimentação não fosse composta de uma variedade de alimentos, que outrora não conhecesse. Ainda no exercício da imaginação podemos pensar que este jovem não teve a possibilidade de aprender informática e o acesso a Internet fosse coisa de "outro mundo" (desenvolvimento mental).

Ao se ingressar na vida religiosa, este jovem ampliaria o seu conhecimento e aprenderia certamente todas essas coisas.

Uma das funções dos padres formadores, por exemplo, é oferecer estes instrumentos (computador, livros, roupas e até mesmo um manual de oração). O uso e o manuseio destes utensílios faria com que o desenvolvimento do individuo se ampliasse (desenvolvimento proximal). Neste caso a mediação de fez pelos "padres formadores" através dos utensílios.

Aproveitando o mesmo exemplo, Wallon defenderia que o desenvolvimento deste "vocacionado" se daria através da relação que este tivesse seus confrades, colegas de faculdade, pessoas da comunidade, com os padres formadores e com outros indivíduos que aparecessem em sua história.

O confronto, as divergências, as amizades, o afeto que o "vocacionado" mantiver com cada uma destas pessoas que aparecerem em sua vida seria imprescindível para seu desenvolvimento. Podemos perceber aqui, não uma mediação simbólica como afirma Vygotsky, mas uma "mediação sócio-afetiva", como defende Wallon.

Pelo que percebemos, temos muito de Wallon e Vygotsky em nossa vida e o pensamento dos dois são indissociável, pois aprendemos com as mediações simbólicas e sociais. E estas nos completa, nos formata e nos coloca em sintonia profunda com o mundo e a sociedade.


João Campestre -outubro de 2008

Apresentado na aula de psicologia (ISTA)

BOÉCIO - A Roda da Fortuna


A Consolação da Filosofia


O sentido da "consolação da Filosofia" .

Para entendermos o sentido da consolação da filosofia, temos que primeiramente recorrer ao contexto em que esta obra fora escrita.

Após mergulhar neste belíssimo texto que enaltece a "pessoa" da Filosofia e nem por isso perde sua essência de rica literatura e forte traços teológicos, o autor cria seu próprio consolo dialogando com ele mesmo, como seu intimo, e num reflexivo debate encontra conforto para seu momento de dor.

Boécio escreveu esta obra num cenário funéreo, onde esperava pelo cumprimento de sua sentença, ou seja, espera pela sua morte. Nos momentos em que não estava sofrendo torturas escreveu em pequenas tabuletas este dialogo que, certamente seria uma forma de se compreender muitos valores que ao longo da vida todos nós perdemos com maior ou menor intensidade.

É neste sentido de próprio auxílio e conforto que Boécio percebe que a felicidade, o bem, a liberdade tem um valor muito maior ao que somos acostumados a perceber no nosso cotidiano.

Neste anseio de ser confortado, o autor nos apresenta o conceito de virtude, felicidade, bem e liberdade, dos quais tentarei descrevê-los conforme meu entendimento.

Felicidade, Bem, Liberdade

Para tentar exemplificar os conceitos solicitados tive a preocupação de metaforicamente compará-los como vários rios que deságuam num mesmo mar, ou seja, quero demonstrar que cada um na sua particularidade aponta para um mesmo conceito supremo que entendemos por Deus. Vamos juntos construir nosso entendimento e ver o que a leitura desta obra pode nos ajudar na compreensão da vida e da morte.

Para Boécio a felicidade plena só se encontra em Deus que é fonte de toda perfeição e não contem nada de corruptível. Mesmo chegando a esse raciocínio o filosofo não abandona a existência da felicidade fragmentada que podemos encontrar em coisas materiais, emocionais e até mesmo espirituais.

Como por exemplo, quando nos felicitamos pela chegada de um amigo em nosso meio, esta felicidade é fragmentada, mas nem por isso deixa de ser felicidade, portanto não e plena. O gosto de saborear um alimento, bem preparado, que sacia nossa fome é uma forma de ter fragmento de felicidade, pois nos proporciona o gozo momentâneo de curar uma dor que é a fome, imagino eu.

Da mesma forma que a felicidade plena só se encontra em Deus, para Boécio o Bem em sua totalidade também só é descoberto em Deus.

Seguindo a mesma linda de pensamento, o autor, ainda neste caso, não descarta a existência de bens menores que tem sua importância e necessidade para termos um bom viver. È o caso de uma bela obra, uma jóia, o dinheiro, uma boa casa. Todos estes são bens que nos atendem em nossas necessidades temporais. Tais bens têm a função de nos proporcionar conforto, tranqüilidade e segurança, por isso são aceitos pelo prisioneiro.

Percebi que, o mal uso destes bens, ou sua super valorização pode nos fazer infelizes, cativos e nos privar da liberdade. Pode ainda nos afastar do Bem maior e fazer com que percamos o foco de nossa vida.

Segundo o texto, para que possamos alcançar a plena liberdade temos que estar cientes das margens dos bens menores e da felicidade fragmentada. Para que não nos tornamos prisioneiros destas coisas corruptíveis, pois se são corruptíveis perdem sua essência real, e se a perde pode nos frustrar, com isso podemos perder tanto os bens quanto a felicidade e ainda nos engaiolarmos em nosso próprio íntimo.

Quando nos deixamos dominar pelo desejo de sempre ter mais bens, dinheiro, poder, projeção social perdemos o sentido da vida e nos tornamos reféns destes. Se acaso somos acostumados com a riqueza e vemos nela a única fonte que proporciona liberdade, dando-nos condições de comprar tudo, ir para onde quisermos e sermos o dono de tudo o que bem menor, corremos o risco de sermos decapitados pela roda da fortuna que ora está num ângulo, ora em outro. Neste sentido depois de termos passado pela felicidade, o bem e a liberdade quero dedicar algumas linhas ao meu entendimento boeciano quando se trata da virtude. Se o excessivo apego aos bens materiais pode nos causar infelicidade e pode nos aprisionar numa "realidade ilusória", chegamos a conclusão que o homem virtuoso é aquele que sabe distinguir e convier harmoniosamente com ou sem os bens menores e a felicidade fragmentada, não se tornado prisioneiro de nada que contem corrupção. O homem virtuoso é que percebe que toda fonte de incorruptibilidade está em Deus e que a ponte que nos leva ao sagrado é a Filosofia. Comentário ao conceito de bem e felicidade"Assim sendo, dado que por meio de todas aquelas coisas o que é procurado é na verdade o bem, não são tanto aquelas coisas, mas o bem em si que desejamos. Mas havíamos também admitidos que quando se deseja alguma coisa é em vista da felicidade que ela propicia, e também que todas as pessoas buscam apenas a felicidade. Do que foi dito, conclui-se claramente que o bem e a felicidade propriamente dito têm uma só substancia. Não vejo como negar disse eu. Mas havíamos também demos trado que Deus e a verdadeira felicidade são uma só e mesma coisa.Sim, respondi. Podemos então concluir, sem medo de estar enganados, que o soberano bem reside apenas em Deus, excluindo-se tudo mais." (pag. 81, livro III, capt.19)

Após ler a obra de Boécio, por sinal agradabilíssima, tirei este fragmento acima para comentar o conceito de felicidade e bem, que na verdade são dois membros que formam um mesmo corpo. É como a fusão da chama de duas velas, quando são colocadas unidas, não conseguimos distinguir o fogo de uma e de outra, pois formam uma só matéria.

Um fato que marcou minha leitura de modo especial foi perceber que cada pessoa busca sua felicidade. Esta busca pode ser por diversos e inusitados meios e caminhos, mas o essencial é que todos buscamos a felicidade.

Criei uma agonizante dúvida e vou ater meu comentário a alguns questionamentos que fui construindo e solucionando ao longo da leitura. Vou colocá-los.

Se todas as pessoas buscam a felicidade por diversos e inusitados caminhos e meios, podemos afirmar que todos nós encontramos Deus neste nosso caminhar à medida que estamos proporcionalmente felizes? Quando para sermos felizes proporcionamos a infelicidade dos outros como fica nosso encontro com Deus? Ele, Deus se faz presente neste cenário?

Desta forma, percebo que a felicidade e o bem supremo só são encontrados em Deus. E que este caminho se faz caminhando, se lapidado, orientando-se, e percebendo que tudo que nos porpociona felicidade aponta para um único caminho.

A corrupção de nossas ações nada tem a ver com a essência da felicidade e bem maior, pois estes são uma só e mesma coisa: Deus. E Deus é incorruptível.


João Campestre,

Outubro de 2009.

Trabalho apresentado na aula de Filosofia Antiga

Instituto Santo Tomas de Áquino

Filosofia e a problemática do Homem


Os problemas que o homem enfrenta no transcurso da vida


O ser humano se diferencia dos animais irracionais por diversas formas. Uma delas é a maneira com que ele trata as questões relacionadas com a busca de soluções aos seus problemas do dia-a-dia.

No cotidiano todo homem conta com o "auxilio" de sua filosofia de vida para ajudar nestas resoluções.

Mas nem sempre somente a filosofia de vida consegue saciar o Homem que a pratica. Este mecanismo de compreensão, oferecido por esta particular filosofia, não exige deste indivíduo um processo de reflexão mais aprofundado que contenha de alguma forma elementos frutos de uma criticidade, mesmo que o oriente na realização de determinada ação.

A partir do momento em que o homem se depara com um determinado problema e que não o consegue resolver apenas pelo seu modo natural de se orientar, ele dependerá e desenvolverá um outro organismo que o ajudará nesta empreitada.

Começa-se então a perguntar : qual a razão deste problema, de onde e por que ele apareceu e como fazer para eliminá-lo.

Na ocasião em que o individuo faz estas perguntas, automaticamente sai do campo do senso comum e passa a mergulhar no mar da reflexão.

O efeito desta reflexão é uma conclusão fundada e embasada em determinadas normas que servirá de facilitador para que o referido problema seja desenvolvido. Todo este processo de sistematização, acima mencionado indica que o individuo deixou seu modo singular de pensar e agir e filiou-se a um modo universal de refletir, com isso, passa a filosofar, a desenvolver o seu senso crítico e sistemático de encarar e resolver seus problemas do dia a dia.

Pense sempre, nao aceite a vida como ela é!!!!


Abraços do amigo;


João Campestre

Juventude em Ação!!!


Incentivado a elaborar um plano de trabalho, após sermos convidados a integrar oficialmente ao Mandato Coletivo do deputado Durval Angelo (PT), nós da equipe Juventude em Ação, apresentamos nossas propostas a fim de que sejam analisadas pelos conselheiros e conseguintemente aplicadas.Para demonstrar a nitidez das nossas intenções queremos, inicialmente, informar que embasados em estudos realizados pelo diácono Bruce Eder, da cidade de Poços de Caldas, arquidiocese de Guaxupé, conseguimos elementos que nos dão um perfil da juventude brasileira em várias áreas de atuação.
Esta observação vai desde a partição do jovem na Igreja, trespassando pelas instituições familiar, escolar e profissional, até chegar à Política.Segundo estes estudos o jovem, num modo geral, sente falta de um referencial que seja “luz no seu caminho”, e de oportunidade para expressar condignamente suas idéias e seu moderno modo de ver o mundo.
Trate-se, pois, de uma anulação do jovem nestes cenários, tendo em vista que as instituições acima citadas (Família, Igreja, Estado), na maioria das vezes vêem o jovem, simplesmente como uma fase de curta duração, que traz reflexo da infância e espera “vacante” pela sua maturidade. È notável e merecedora de louvor e reconhecimento a dedicação que as instituições têm para com as crianças até a sua pré adolescência, mas investir na infância não significa, necessariamente, garantir um bom desenvolvimento do jovem enquanto agente construtor de sua própria história.
"A juventude é um dos grupos mais vulneráveis da sociedade brasileira. Ela é especialmente atingida pelas fragilidades do sistema educacional, pelas mudanças no mundo do trabalho e, ainda é o segmento etário mais destituído de apoio de redes de produção social".
Por estes tantos influentes, a sociedade aplica o discurso de que alguns jovens são desinteressados, não querem participar de nenhum evento sócio-político e que são alienados.
Na verdade esse discurso não apresenta as origens da não participação destes jovens.Segundo a CNBB, estudos recentes têm mostrado que os jovens desejam participar ativamente da vida social, têm muitas sugestões do que deve ser feito para melhorar a situação do país e querem dar a sua contribuição. (CNBB, 2006, p.19)Mas, tais jovens não encontram espaços adequados, pois as formas de participação presentes na sociedade, na Igreja e no Estado, segundo João Batista Libâneo, são percebidas pelos jovens como muito distante.
Nosso objetivo com esta pequena introdução é mostrar quais são os maiores obstáculos que impendem a juventude de participar da construção de sua história.
Com isso, após realizada a sondagem desta problemática, apresentamos nosso plano de ação que tem como objetivo maior dar voz e vez ao jovem, formar e incentivar a nova geração de nossa Tribo a ecoar um grito em favor da juventude. Boa sorte a todos!!!


Com fraternura;


João Campestre,OSA