sábado, 31 de janeiro de 2009

Santo Agostinho - Pensamentos -

Grande teólogo, filósofo, moralista e apologista. Nasceu em Tagaste, Tunísia, no ano 354, filho de Patrício e Santa Mônica. Escreveu 232 livros, além de inúmeros tratados, sermões e cartas. Confira aqui um pouco do pensamento de Santo Agostinho:
"Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu fora. Estavas comigo e não eu contigo. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz."
"Quer louvar-te o homem, esta parcela de tua criação! Tu próprio o incitas para que sinta prazer em louvar-te. Fizeste-nos para ti e inquieto está nosso coração, enquanto no repousa em Ti."
"Para alcançarmos esta vida feliz, a verdadeira Vida nos ensinou a orar."
"Não é de admirar se a soberba gera a separação, a caridade, a unidade."
"Oh eterna verdade, verdadeira caridade e querida eternidade! És o meu Deus, por ti suspiro dia e noite"
"Que eu te conheça, ó conhecedor meu! Que eu também te conheça como sou conhecido! Tu, ó força de minha alma, entra dentro dela, ajusta-a a ti, para a teres e possuíres sem mancha nem ruga."
"Quereis cantar louvores a Deus? Sede vós mesmos o canto que ides cantar. Vós sereis o seu maior louvor, se viverdes santamente."
"Teu desejo é a tua oração; se o desejo é contínuo, também a oração é contínua. Não foi em vão que o Apóstolo disse: Orai sem cessar (1Ts 5,17). Ainda que faças qualquer coisa, se desejas aquele repouso do Sábado eterno, não cessas de orar. Se não queres cessar de orar, não cesses de desejar."
"A paixão do Senhor mostra-nos as dificuldades da vida presente, em que é preciso trabalhar, sofrer e por fim morrer. A ressurreição e glorificação do Senhor nos revelam a vida que um dia nos será dada."
"Não temos então medo de fraquejar? Por quê? Porque invocaremos o nome do Senhor. Como venceriam os mártires, se neles não vencesse aquele que disse: Alegrai-vos porque eu venci o mundo? (João 16,33)"
"Tens o que oferecer. Não examines o rebanho, não apresentes navios e não atravesses as mais longínquas regiões em busca de perfumes. Procura em teu coração aquilo que Deus gosta."
"Grandes coisas o Senhor nos promete no futuro! Por que a fraqueza humana ainda hesita em acreditar que um dia os homens viverão em Deus? Muito mais incrível é o que já aconteceu: Deus morreu pelos homens."
"Amando o próximo e cuidando dele, vais percorrendo o teu caminho. Ajuda, portanto, aquele que tens ao lado enquanto caminhas neste mundo, e chegarás junto daquele com quem desejas permanecer para sempre."
"Eu peço: amai comigo, correi crendo comigo, desejemos a pátria celeste, suspiremos pela pátria do alto, sintamo-nos como peregrinos aqui."
"Que deseja a alma com mais veemência do que a verdade?"
"Por maior que seja o temor da morte, deve vencê-lo a força do amor com que se ama aquele que, sendo nossa vida, quis sofrer até a morte por nós."
"Disse muito bem quem definiu o amigo como metade da própria alma. Eu tinha de fato a sensação de que nossas duas almas fossem uma em dois corpos."

De: HelderCamara@ceu.com para: amigos e amigas

Queridos: estivesse entre vocês, a 7 de fevereiro comemoraria 100 anos de idade. Quis o bom Deus, entretanto, antecipar-me a glória de desfrutar Sua visão beatífica. Aliás, o Céu nada tem daquela imagem idílica que se faz na Terra. Nada de anjos harpistas e nuvens cor-de-rosa, embora a música de Bach tenha muita audiência.

Entrar na intimidade das três Pessoas divinas é viver em estado permanente de paixão. Arrebatado por tanto amor, o coração experimenta uma felicidade indescritível.

A propósito, outro dia, Buda, de quem sou vizinho, me contou esta parábola que bem traduz o caminho da felicidade: numa feira da Índia, entre tantos restos de frutas e legumes, uma mulher fitava detidamente o chão. Viram que procurava algo. Um e outro perguntaram o quê. "Uma agulha". Não deram importância. Porém, quando ela acrescentou que se tratava de uma agulha de ouro, multiplicou o número dos que a auxiliavam na busca.

Súbito, um deles perguntou: "A senhora não tem ideia de que lado da feira a perdeu?" "Não foi aqui na feira", respondeu a mulher, "perdi-a em casa". Todos a olharam indignados. "Em casa?! E vem procurar aqui fora?" A mulher fitou-os e retrucou: "Sim, como vocês procuram a felicidade nas coisas exteriores, mesmo sabendo que ela se encontra na vida interior".

O Céu é terno, o que não impede que experimentemos indignações. Jesus não fez a fome e a sede de justiça figurar entre as bem-aventuranças? Quando olho daqui para a Igreja Católica confesso que sinto, não frustração, mas uma ponta de tristeza. O papa Bento XVI não transmite alegria e esperança. Faltam-lhe o profetismo de João XXIII e a empatia de João Paulo II.

Padres cantores atraem mais discípulos do que aqueles que se dedicam aos pobres, aos lavradores sem-terra, às crianças de rua, aos dependentes químicos. Nas showmissas os templos ficam superlotados, enquanto nos seminários o ensino de filosofia e teologia costuma ser superficial.< /div>

A vida de oração não é estimulada, muitos buscam o sacerdócio para obter prestígio social e, por vezes, o moralismo predomina sobre a tolerância, o triunfalismo supera o espírito ecumênico. Até quando homossexuais serão discriminados por quem se considera discípulo de Jesus?

Alegra-me, porém, saber que as Comunidades Eclesiais de Base estão vivas e se preparam para realizar o seu 12o encontro intereclesial, em Rondônia, no próximo julho. Dou graças a Deus ao constatar que o CEBI - Centro de Estudos Bíblicos - conta com mais de 100 mil núcleos espalhados pelo Brasil, integrados por gente simples interessada em ler a Bíblia pela ótica libertadora.

Preocupa-me, entretanto, a polêmica entre os irmãos Boff. Tanto Leonardo quanto Clodovis são teólogos de sólida formação. Não considero justa a acusação feita por Clodovis de que a Teologia da Libertação teria priorizado o pobre no lugar do Cristo. O próprio Evangelho nos mostra Cristo identificado com os pobres, como ocorre na metáfora da salvação em Mateus 25, 31-46.

Francisco de Assis, com quem sempre me entretenho em bons papos, lembra que sem referência ao pobre, sacramento vivo de Deus, Cristo corre o risco de virar um mero conceito devocional legitimador de um clericalismo que nada tem de evangélico ou profético.

Tenho dito a são Pedro que sonho com uma Igreja em que o celibato seja facultativo para os sacerdotes e as mulheres possam celebrar missa. Uma Igreja livre das amarras do capitalismo, e na qual os oprimidos se sintam em casa, alentados na busca de justiça e paz.

Quanto ao mundo, lamento que a fome, por cuja erradicação tanto lutei, ainda perdure, ameaçando a vida de 950 milhões de pessoas e causando a morte de cerca de 23 mil pessoas por dia, a maioria crianças.

Por que tantos gastos em formas de ceifar vidas, como armamentos, e investimentos que degradam o meio ambiente, como pesticidas, desmatamentos irresponsáveis e cultivo de transgênicos? Por que tão poucos recursos para tornar o alimento - dom de Deus - acessível à mesa de todos os humanos?

Ao comemorarem meu centenário, lembrem-se dos princípios e objetivos que nortearam a minha vida. Malgrado calúnias e perseguições, vivi 91 anos felizes, pois jamais esqueci do que disse meu pai quando comuniquei a ele minha opção pela vida sacerdotal: "Filho, egoísmo e sacerdócio não podem andar juntos".

[Autor, em parceria com Leonardo Boff, de "Mística e Espiritualidade" (Garamond), entre outros livros].

domingo, 25 de janeiro de 2009

MANIFESTO FABRA 2009: EM DEFESA DA VIDA NO AMAZONAS

Os Bispos da Amazônia, no IX encontro realizado em Manaus, nos dias 11-13 de setembro de 2007, denunciam: ”O povo é vítima de uma verdadeira tirania econômica e política. Vive com medo” (No 58). O Estado está omisso no seu papel de manter a soberania da Amazônia, deixando que a região se transforme em um corredor de exportação, muitas vezes proporcionando facilidades para a invasão do capital estrangeiro e da Biopirataria. A CNBB, no dia 14 de abril de 2008, envia nota de solidariedade para com os bispos do Pará, ameaçados de morte, junto com padres, religiosos, religiosas e lideranças leigas por defenderem a vida ameaçada pelo trafego de drogas, o contrabando de armas, o tráfico e leilão de mulheres, muitas delas adolescentes; defesa do meio ambiente, dos povos indígenas e do direito á terra.
Nos dias 05-09 de janeiro de 2009, no Centro de Pastoral Santa Fé, na cidade de Perus-SP, a Federação Agostiniana Brasileira (FABRA), realiza o XI Congresso Nacional Agostiniano com o tema, “Da Cidade dos Homens à Cidade de Deus”. A Cidade de Deus, obra agostiniana, trata da problemática de uma sociedade fragmentada e injusta, afastada dos valores universais de justiça social, cidadania e dignidade. Tal sociedade, Santo Agostinho denomina cidade dos homens, realidade que nos impele a construir em nosso meio a cidade de Deus, edificada no bem comum, na verdade e na solidariedade.
Nós, os 250 participantes de mais de 20 delegações ao finalizar nossa reflexão, tendo em vista as denúncias acima citadas, e inúmeros casos de morte ocorridos sem conhecer nenhuma ação das autoridades no sentido de investigar e responsabilizar os envolvidos nesse projeto de morte, vimos através deste manifesto, exigir das autoridades competentes uma séria e ampla investigação dos problemas e suas causas reais, prejudiciais à sociedade, agindo com rigor, para que não vigore o domínio do mais forte, a violência e a mentira e sim que seja assegurado o direito à vida de todos pela verdade e pela justiça.
Acreditamos que a democracia se constrói a partir da justiça social e que o bem triunfará sobre o mal, portanto solidarizamo-nos com nossos irmãos, irmãs e famílias ameaçadas, assumindo nossa missão de defender e promover a vida e a dignidade humana. Reafirmamos a nossa esperança na força do Espírito Santo que age na História e buscamos nesse gesto concreto o início da transformação da Cidade dos Homens em Cidade de Deus.

Perus-SP, 09 de janeiro de 2009.
Federação Agostiniana Brasileira
Maria Aparecida Traldi - presidente

Agostinianos: Preocupados e Engajados!

Ata da reunião dos Formandos Agostinianos
(XI Congresso Nacional Agostiniano)
FABRA 2009
Nós integrantes de processo de formação religiosa, em nossas respectivas etapas, reunidos para debater a temática proposta pela organização do XI Congresso Nacional Agostinianos, dialogamos sobre nossas experiências e o reflexo das duas cidades: a divina e a humana, em nossas vidas.
Percebemos que embora a sedução do mundo nos leva a buscar a "cidade dos homens", nossa essência nos motiva e nos direciona à "cidade de Deus".
O grupo destacou que o melhor exemplo a passar às pessoas que nos acompanham, dentro e fora da comunidade, é o bom exemplo. Nosso testemunho é uma jóia rara que deve refletir nosso interior e mostrar aos outros e a nós mesmos que vale a pena caminhar rumo à Cidade Celeste.
Obviamente, percebemos que, neste tempo de secularização, a cada dia torna-se mais difícil vivenciar e anunciar a Boa Nova em nossos Centros Universitários, pastorais, paróquias e mesmo dentro de nossas próprias casas de formação.
Mesmo nesta realidade secularizada, percebemos que o nosso sim, ainda tem que ser um foco de otimismo para muitos de nós e de nossa convivência.Baseado no texto São Paulo "Ai de mim, se não evangelizar!" (1 Cor 9,16) discutimos a importância de se anunciar a Boa Nova em todos os cantos e lugares e a coragem necessária para que este anúncio chegue aos ouvidos e aos corações das pessoas.
Preocupa-nos a falta de interesse pelas causas sociais e comunitárias, por parte de muitos seminaristas e irmãs em formação. Este desinteresse é uma realidade notória e visível em nossos centros universitários de formação religiosa. Pedimos aos formadores e Igreja como unidade que esteja atenta a este mal.
Cabe a nós, enquanto agostinianos, relatar e nos posicionar contra a esta triste realidade. Não pode ser aceitável que o Sacerdócio e a Vida Consagrada sejam encarados como profissão, esquecendo o essencial que é estar a serviço e não para ser servido.
A nós agostinianos cabe-nos a tarefa de sermos diferentes e lutar para que a Igreja seja verdadeiramente uma instituição profética. Que seja a voz dos que foram e estão calados pelos distintos sistemas de opressão.
Sugerimos que a Federação Agostiniana do Brasil destine sempre uma especial atenção aos formandos, proporcionando encontros diversos para formação, pois entendemos que devemos estar preparados e afinados para falar a mesma linguagem agostiniana que, deve nos tornar positivamente diferentes e profetas do otimismo.
Como ato concreto o grupo propõe a criação de uma agenda de contatos onde todos os formandos, possamos trocar experiências, aprofundar a amizade e debater pontos pertinentes a esta temática.
Ai de nos se não anunciarmos a Boa Nova!


João Batista Campestre Miguel, OSA
(Vicariato N.Sra. da Consolação)
Seminarista Relator


Perus, SP, janeiro de 2009.